Gênero “Artigo de Opinião”
Imigrantes
devem ser bem-vindos
O Brasil é um país fechado. Em 1920, 5,1% de
sua população era composta por imigrantes. Foi durante o governo de Getúlio
Vargas que o Brasil se isolou, e hoje tal percentual é de apenas 0,9%. Já
países como Estados Unidos e Austrália possuem, respectivamente, 14% e 28% de
estrangeiros.
Também estamos em situação pior do que a do
Japão. Outrora bastante restrito à imigração, o país recentemente mudou sua orientação
e alcançou 1,6% de estrangeiros em 2016.
A nova Lei de Migração despertou temores de uma
abertura irresponsável das fronteiras brasileiras e uma invasão estrangeira.
Nada mais incorreto. Nem a lei é excessivamente liberal, nem há hordas
aguardando nas nossas fronteiras.
Essa distância entre mito e realidade ficou
evidente em uma pesquisa recente: brasileiros supõem que 18% da população
carcerária nacional seja composta de estrangeiros. O número verdadeiro é 0,4%.
Talvez motivados pelo noticiário internacional, muitos imaginam que nosso país
estaria ameaçado por uma nova onda imigratória. Infelizmente não temos esse
“problema”.
Devo lembrar que não estamos em um país rico,
pacífico e com um Estado de bem-estar generoso? Estamos no Brasil. Tal como no
passado, os migrantes que aqui entrarem terão que enfrentar os mesmos desafios
do brasileiro, sem contar os problemas de adaptação usuais dos recém-chegados.
Os contrários à imigração argumentam que os
novos migrantes seriam totalmente diferentes dos chegados há um século atrás.
Essa xenofobia mal disfarçada repete velhos argumentos. Os japoneses eram
indesejados no começo do século 20, tanto que o Brasil só foi seu destino
porque um acordo entre o Japão e os EUA em 1907 praticamente proibiu a entrada
de nipônicos.
No mesmo sentido, aqui houve aqueles que temiam
a formação de “quistos étnicos” de imigrantes alemães. Além de moralmente
errado, não passa de fantasia a crença de que o governo é hábil para escolher
os países mais apropriados de origem dos imigrantes.
O melhor que podemos fazer para os imigrantes é
facilitar a sua inserção. Como a capacidade institucional e financeira do
Estado brasileiro em prover auxílio ativo aos
estrangeiros é bastante limitada, não cabe –
tal como ocorreu no passado – subsidiar a sua vinda.
Basta não atrapalhar ou, realisticamente,
atrapalhar o mínimo possível. Ou seja, respeitando a Lei de Migração, devemos
reduzir controles, autorizações e burocracias que só dificultam a vida dos
bem-intencionados e não impedem a entrada dos pouquíssimos mal-intencionados.
Quanto mais fácil for aos recém-chegados
cumprirem os terríveis passos para entrarem no mercado de trabalho formal, ou
abrirem empresas, mais benéfica será a imigração para o país de destino.
O número de empregos no Brasil não é fixo.
Imigrantes trabalham, mas também consomem. Além disso, eles trazem consigo
novas habilidades e conhecimentos que, combinados com fatores locais, promovem
crescimento econômico. Não é necessário estudar a história para verificar esse
fato.
Basta conhecer as metrópoles mundiais, como
Londres, Nova York ou mesmo São Paulo, para perceber que nelas pessoas de todas
as línguas, cores e religiões para lá se deslocam em busca de um futuro melhor.
Barreiras à imigração combinam mais com varguistas e estatistas do que com os
verdadeiros amantes da liberdade.
Leonardo
Monasterio é pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada),
professor de Economia na Universidade Católica de Brasília e filho de imigrante
boliviano.
Leonardo
Monasterio. A nova lei de migração traz riscos ao Brasil? Não. Folha de S.
Paulo, São Paulo, 23 dez. 2017. (Opinião – Tendências/Debates).
Leia o texto e responda as questões abaixo
1) Releia os dois
primeiros parágrafos.
a) O que significa, no contexto, ser um “país
fechado”?
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b) A
declaração inicial de que o Brasil é um país fechado foi comprovada? Justifique
sua resposta.
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c) Com
que intenção o exemplo japonês foi destacado no processo de argumentação?
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2) No quarto e no quinto parágrafos o autor
contesta o posicionamento daqueles que são contrários à imigração.
a)
Segundo
o texto, qual seria o principal equívoco desse grupo?
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b)
Qual
elemento é citado para comprovar que se trata de um equívoco?
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c) O
artigo cita uma pesquisa recente sobre a população carcerária do Brasil. Como
esse dado se relaciona à argumentação que está sendo feita?
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3) No sexto parágrafo, o artigo inicia a retomada
de alguns dados históricos. Por que a palavra xenofobia foi usada nesse
contexto? O que ela significa?________________________________________________________________
4) A partir do oitavo parágrafo, o artigo passa a
falar da aplicação da Lei de Migração.
a)
Segundo
Leonardo Monasterio, como o Estado brasileiro deveria agir?
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b)
O
que o articulista espera como resultado dessas ações?____________________________________________________________
c) O
articulista menciona a possível chegada de “pouquíssimos mal--intencionados”.
Por que essa referência pode ser considerada parte de uma contra-argumentação?
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5) Analise,
agora, a organização dos dados no texto.
a)
O
artigo pode ser dividido em cinco grandes partes: parágrafos 1 e 2; 3 a 5; 6 e
7; 8 a 10; 11 e 12. Nomeie cada parte de modo a explicitar seu conteúdo.
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b)
Que
tipo de informação o articulista optou por deixar na conclusão do texto?
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c) Na sua opinião, a presença desse tipo de
informação na conclusão favorece o convencimento do leitor acerca do ponto de
vista defendido pelo autor?
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Como
funciona um artigo de opinião?
Agora, você vai responder a mais algumas questões para
refletir sobre o gênero do texto.
1) O que predomina no artigo de opinião lido: narrativa de
fatos, instruções para resolver o problema ou argumentos para provar uma ideia?
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2) Os artigos de opinião frequentemente dialogam com os
fatos mais recentes, que são relatados nas notícias que circulam na mídia. Qual
fato motivou a escrita desse artigo?
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3) Na esfera jornalística, são frequentes os textos sem
assinatura, principalmente em relação às notícias. Os artigos, pelo contrário, são
sempre assinados.
a) Por que a
identificação do autor é importante?
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b) Veja como, após a
assinatura, o autor Leonardo Monasterio é apresentado. Na sua opinião, por que
foi informada a origem dos pais do articulista?
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4 ) O jornal Folha de S.Paulo publicou esse artigo em uma
seção de debates em que dois articulistas são convidados a responder a uma pergunta.
No caso, essa pergunta foi: A nova Lei de Migração traz riscos ao Brasil?
a) Leonardo
Monasterio respondeu “sim” ou “não” à pergunta? Justifique.
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b) Os artigos de
opinião apresentam uma tese. Em que parte do texto ela foi declarada?
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c) O artigo consegue
mostrar que essa tese é válida? Justifique sua resposta.
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